quarta-feira, maio 11, 2005

Os amigos são para as ocasiões

Esopo e La Fontaine efabulavam sobre animais, em relatos cheios de conteúdo moralizador. Sem querermos atrever-nos a rivalizar com estes dinossauros do animismo, reproduzimos aqui esta história encontrada entre dejectos de rola, na última limpeza dos algerozes do edifício que nos serve de sede.

"Era uma vez um país chamado Portugal, habitado por criaturas tão diversas como a raposa, o lobo, o bode e o pavão. Um homem, indivíduo de uma espécie bem adaptada, que dominou o país desde que este nasceu e mesmo antes disso, era pigmeu. Era pigmeu e ninguém falava dele. Ninguém falava dele e resolveu recorrer aos animais para começarem a falar dele. Dizia ele: Sou pigmeu/sou pequenino/faço o que me apetece/oh pa vais ver se eu não domino. Então chamou o pavão, a raposa, o bode e o pavão a irem falar com ele. Quer dizer, ele antes convidou a raposa para ser amiga dele. Então, agora sim, chamou o pavão. Ao pavão disse-lhe: olha, tu tens penas grandes, és bonito e as pavoas gostam de ti, mas eu não gosto de animais como tu, mostram as penas, mas só sabem fazer isso, e voar não é contigo. Por isso, não te deixo subir mais aos telhados. Já tiveste oportunidades a mais. Depois, chamou o bode e disse-lhe: tu tens pêra, gostas de cabras, ainda por cima, tens o sustento nas montanhas, mas eu não gosto de ti, nem que digas que o sustento que tens nas montanhas é de um sobrinho teu. Depois, chamou o lobo e disse: quiseste comer o Pedro da história, meu sujo. Quiseste dar um bocadinho ao teu filho, ah? Basta. Depois, chamou a raposa e deixou-a comer as uvas..."

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