sexta-feira, dezembro 22, 2006

Table post 1: Grelos para o jantar, querida

Voltei aos primeiros tempos de blogue. Para quem o tem seguido e se recorda da receita de arroz de coelho da madrugada, fica aqui mais uma sugestão. Desenganem-se aqueles que julgam este post pelo título. Não venho falar do órgão sexual das gajas.

Os grelos são uma espécie vegetal comestível que geralmente se come cozida. Brassica rapa, redireccionada pela wikipedia de grelo para nabo. Aqui se pode verificar a íntima relação que o grelo e o nabo estabelecem. Espero sinceramente que todos os praxistas, anti-praxistas e ignorantes da praxe venham aqui e vejam que isto não tem nada a ver com o objectivo deles. Quero é que a a capa, a batina, a tradição e a anti-tradição académica morra, que eu gosto, como se sabe, é da Orxestra Pitagórica, agremiação musical cuja tradição é inovar permanentemente.

Assim deixo-vos uma receitinha, com dedicatória especial a uma leitora assídua deste blogue e ela sabe quem é. Gajas, roam-se de inveja. Perguntem-se, inquietem-se e arranhem-se por não terem dado importância à última vez que falaram de grelos comigo.

O bom grelo é o que vem da terra, e o roubado é melhor porque vem temperado com ansiedade, risco e pecado. Antes de nascer o sol, no lusco-fusco, roube u.p.d.p. (uns poucos de pés, se há q.b. e i.e., também pode haver disto) de nabiça e procure não expor o rabo aos ataques de certas toupeiras ultrassónico-resistentes que com a calmaria da noite desenvolvem intensa actividade sexual e brotam da terra quais fogos-fátuos, não flatos.

Depois, tire o dia para preguiçar ou para trabalhar, consoante aquilo que o Governo e a CGTP pretendam da sua individualidade como cidadão deste Estado de Direito. Se entretanto vier a bófia perguntar por uns grelos, não lhes diga para aparecer à noite que vão estar um pitéu. Já lá vai o tempo em que a bófia passava fome como toda a gente, porque desde que inventaram as casernas e os quartéis que os GNR desenvolveram um intenso espírito corporativo no que concerne á alimentação. Comem que se fartam. Ainda assim, se for um bigodes com bom gosto, ele aceita o convite, mas não se deite ás sortes.

Se vir que o grelo está duro, azar. Escolhesse outro melhor. A grelo roubado, não se pode recusar o dente. Se for homem, se for mulher o versa-vice, procure inspirar-se na intimidade e progrida para o acto sexual aludindo ao vegetal propriamente dito. Se gosta de foder com comida à mistura, atenda a esta sugestão: querida, vamos enrolar os folhos do teu grelinho com a minha salsichinha, salsicha ou salsichão (escolha conforme a sua disponibilidade corpórea peniana). Não se preocupe apenas com dar giz ao taco e meter as bolas no buraco até à preta. Toda a gente sabe que se conhece a atitude do jogador pela sua indumentária, pela forma como se passeia em volta da mesa, pela forma como dela se aproxima, como afaga o paninho verde. Se vir que está muito ansioso, vá por os grelos a cozer em água.

Cozidos os grelos e satisfeitos os apetites da luxúria, com sorte, notará a exuberância de seiva nos grelos (do que estes gajos se lembram na wikipedia).

Pique uns alhinhos, porque o grelo, como o bacalhau, quer algo. Refogue e beije a companhia mais um bocadinho. Junte os grelos, rectifique o sal, coma e dê mais uma das que deu antes, no caso de estar tudo ainda muito ensosso.

(Raios partam, eram brócolos, não eram grelos, mas fica a intenção na mesma e além disso, a receitinha também funciona).

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